Daniela Minello

Eu Mãe...Você Mãe

Quando era criança, tinha um zelo muito pontual com meus brinquedos, leva muito a sério o ato de brincar. Dentre tantas brincadeiras que inventava, o que mais amava era passear com meus brinquedos no pátio da casa.

No meu imaginário, os passeios eram longos e andava por vários percursos até chegar aos lugares sonhados da minha imaginação.  Desempenhava um papel de liderança com meus bonecos e organizava as cenas, dava comida de faz de conta, falava com eles e tinha um amor imenso ao cuidá-los, tratava-os como se fossem meus filhos.

A partir do exemplo, no zelo que minha mãe tinha com a gente, sonhava em ser mãe para poder também cuidar dos meus filhos com muito amor e dedicação.

Lembro-me de uma ocasião em que tinha apenas cinco anos de idade e, minha mãe me levou numa igreja e pediu que eu orasse à Deus pedindo uma graça para ser irmãzinha religiosa e eu gritei em bom tom que queria era ser mãezinha kkkkk.

Desde aquele momento, minha mãe pode ter a certeza de que eu já sabia o que queria. Passaram-se as fases e o amor pelo contato com crianças só aumentava. Gostava de cuidar como se fossem minhas e, assim o fazia com minhas sobrinhas.

Amava ficar com elas ou levá-las para passear. Fazia de conta que eram minhas filhas. Arrumava, brincava, criava regras, estabelecia limites e promovia os nossos sábados animados e assim, fui desenvolvendo amor pela maternidade.

Quando comecei dar aula, meus alunos carinhosamente, falavam que queriam ser meus filhos para poderem passar mais tempo comigo, claro que eu amava esse carinho recebido.

 

O desejo de ser mãe era muito latente em minha vida. Me imaginava com meus filhos brincando. Tive filhos de quatro patas e os cuidava e amava como meus filhos e, eram sim, eu acreditava e assim os tratava.

Hoje percebo, que de todas as bênçãos que já recebi em minha vida, as que mais transformaram meus modos de agir e pensar sobre a vida, foram as gestações que tive a oportunidade de viver. Foram períodos de ressignificação e de descobertas sobre a vida. Cada gestação com seus jeitinhos peculiares, mas com muito amor envolvido.

O desejo de ser mãe estava se concretizando quando meu filhote de quatro patas, meu labrador Bento, que insistia em deitar sua cabeça em meu colo, anunciava que já estava com o Pedro no forninho, o que se confirmou com a ampliação do meu do olfato sentindo cheiros a quilômetros de distância, que me levou fazer o teste e comprovar que estava bem no início da gestação.

Foram os dias e meses mais felizes e abençoados da minha vida. Cada descoberta vinha acompanhada por felicidade, amor e dedicação. O corpo sendo transformado junto com as incertezas e a ansiedade que os hormônios promoviam. Posso dizer, que fui uma grávida muito feliz e estava tomada pelo hormônio da felicidade o que me tornou valente e mais proativa ainda.

Tive uma segunda gestação que foi interrompida por um aborto espontâneo, algo que tirou meu chão, mas consegui seguir, porque acredito nos propósitos de Deus.

A terceira gestação veio permeada por mais afetos e descobertas ainda.  Foi planejada como as anteriores e muito desejada. Novamente me senti uma mulher muito empoderada e abençoada, realizando grandes projetos durante a gestação do meu Francisco.

Quando recebi meus filhos em meus braços, fui tomada por um sentimento que não consigo expressar por palavras, apenas sentir e aproveitar cada

Detalhe das descobertas entre mãe e filho.

Poder acompanhar o desenvolvimento e o crescimento de um filho é ter a certeza do milagre da vida. O relacionamento que vamos estabelecendo no convívio, depende do que fazemos e desejamos.

Temos uma liberdade e uma responsabilidade tão imensas no ato de cuidar e educar, que as vezes nos pegamos chorando de emoção diante dos lindos resultados que vamos acompanhando.

Não é fácil ser mãe, confesso que é um dos meus maiores desafios da vida ser uma mãe que possa se orgulhar dos seus feitos, mas nessa busca por tentar ser o meu melhor, me descubro como mãe e eles se descobrem como filhos.

É um aprendizado recíproco e um combinado que tenho com meus meninos hoje com 12 e 9 anos quando falo para eles a mamãe está aprendendo ser mamãe de vocês conforme vocês vão chegando em cada fase de suas vidas e, vocês estão aprendendo ser meus filhos, portanto vamos nos controlar e chegar num consenso para uma boa educação e um bom relacionamento familiar. Até o momento tem funcionando, mas estamos em constante diálogo para darmos os nossos melhores como mãe e filhos em fase de construção familiar.

Trago aqui meus relatos de experiências durante as gestações para dizer que nem tudo são as mil maravilhas como desejaríamos que fosse. Tive vários momentos de insegurança, medos, choros, desesperos, mas busquei forças para manter o otimismo a partir de leituras, de músicas, de uma boa alimentação, da prática de exercícios físicos e da companhia de pessoas que compartilhavam suas experiências agradáveis das suas gestações.

Para mim, ser mãe não é apenas gestar um filho no seu ventre. Ser mãe é ser aconchego, é ter zelo, é ser casa, é ser afeto, é afetar, é colo, é afago, é ter vontade de cuidar sob suas responsabilidades, mas ensinar voar deixando livre para fazer suas escolhas. Ser mãe é aprender o tempo inteiro com as mudanças físicas e comportamentais de um filho, mas é orientar, é limitar e é amar.

Sou uma mãe repleta de compromissos diante da vida, mas o meu maior desafio é minha responsabilidade comportamental diante dos meus filhos e diante de todos que passam pela minha vida como meus alunos que também requerem um olhar de mãe.

Desejo a todas as mães, que desejem ser as melhores mães que puderem e conseguirem, bem do jeitinho que elas são e com suas condições que tiverem, mas que principalmente consigam manter o elo que aproxima afetos e a presença constante de seus ensinamentos.

Feliz dia das mães. Em especial para minha mãe dona Rene Maria Lovatto Minello, que plantou em minha vida, o desejo pela vocação da maternidade.

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